À noite, guardada, debaixo do lençol que lhe cobria, criava sua própria atmosfera.

                      11.10.16

Vitória, 2016.

Quando num dia

nublado

para fins de anestesia

um banho

gelado

inaugura o teu dia. 

O dia partiu-se à minha frente em dois pedaços distintos, os quais não desconheço. Partiu-se lentamente, como tem feito em todas as tardes deste outono que chegou. Divide em quantas cores lhe convém o imenso céu que nos cobre, em quantas cores convém aos olhos da gente, aos apertos e aos anseios que a gente traz no coração.

 Partir-se é abandonar-se sem saber para onde.


 (onze de abril)

Hoje não venta. Só sol. Só cantam Passáros buscando brisa. E passos que, largos, buscam 

em vão ultrapassar a hora que é agora. Passos que, lentos, arrastam consigo o peso das coisas. Passos que, trôpegos, se confundem sobre ficar ou avançar, e para onde. Cantam todos e não se ouvem, os passos. Nem mesmo aos pássaros. Hoje só sol. Escorrendo aquoso e quente sob tudo quanto paira debaixo de seus olhos. 

Naquele dia, sentiu certo pesar ao olhar para o céu, cheio de nuvens, e não conseguir enxergar ali nada além das formas disformes das nuvens. 

19 de julho.

Toda noite

acho que estou pronto 

Sigo até ele e paro

Armados, os dois 

Um com a caneta em punho

O outro com os olhos 

brancos, brancos, brancos 

Tento, tento, falho. 

Inauguro mais um confronto.