20 dezembro, 2010

.

Estamos há 6 dias do natal e eu me pergunto: Onde está o espírito? É uma pergunta interna, logo, me ponho a pensar. Mas alguém pergunta de volta: Que espírito??? E eu respondo, como se fosse algo muito óbvio: Ora, o espírito natalino! Enfeites, luzes, alegria, sorrisos, tapinha nas costas, abraços rápidos, conversas, gargalhadas, o olhar (aparentemente)compreensivo ante o erro do outro, essas coisas... Essas coisas que, desde a minha infância, vieram perdendo gradativamente o seu valor. Até, ao que parece, sumir quase que de vez. E por incrível que pareça eu estou sentindo falta.

Há  tempos eu deixei de ganhar presentes. Assim, como se eu fosse a princesinha do papai e ganhar presentes nessa data fosse algo imprencindível. Eu já não causo mais essa preocupação, embora continue sendo tratada com a princesinha do papai, como a menininha da mamãe, por mais que este posto me seja sufocante às vezes.

Mas como se pode sentir falta de tanta hipocrisia? Bem, não me levem a palavra tão ao pé da letra e eu lhes digo como. A hipocrisia daquele tapinha nas costas faz falta quando o que se tem é só o olhar desconfiado sobre qualquer passo que se dá. A hipocrisia daquele olhar que compreende o erro alheio faz falta quando se faz presente a sensação de que há um juíz em cada esquina pronto pra conceder o seu julgamento, e você se vê sem nenhum advogado de defesa. Aquelas gargalhadas tão, tão hipócritas fazem falta quando ao seu redor há somente tristeza. E aqueles abraços rápidos?! Ah, não imaginas o quanto são necessários, não imaginas a falta que estes fazem diante da possibilidade quase nula de se receber, ou mesmo de se oferecer um, por mais rápido e frio e seco que seja, num qualquer dia. 

O natal, e o possível espírito que ele traz, seja um espírito bom, ou ruim, ou hipócrita, ou mentiroso ou necessário, ou sei lá mais o quê que as pessoas dizem a seu respeito, é, além de tudo e apesar de tudo, o gancho esperado por muitos durante todo o ano. O gancho pra poder, enfim, se desculpar com aquela pessoa que te faz tanta falta conversar, o gancho pra demonstrar a certa pessoa o quanto você a quer bem, o gancho pra poder espalhar a alegria e a felicidade que aquele coração tão estático, tão sério e tão carente de pulsar ferozmente não deixava fazer, o gancho pra se sentir amado e pra amar!

Natal, muito justamente amado ou adiado por todos faz falta sim e é necessário sim. E não conheço quem se tranque num quarto ou se isole do mundo em data tão propícia a transformar as pessoas -seja para bem, seja para mal, exceto raros casos, os quais não cabe serem escritos aqui. 

Um feliz natal, a todos e a todas que assim o quiserem! 



19/12/2010, um domingo entediante e não muito diferente dos outros domingos da minha vida, pra variar. E ela fica meio louca. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário