Começava a entender a sensibilidade suave e desesperada que os dias fechados traziam. Começava a procurar estrelas naquele céu escuro. Começa a olhar a chuva descer. Começava a olhar a chuva tocar o chão e machucar, de leve, a terra. Começava a hesitar entre ficar ali observando e sair lá fora no meio da tempestade. Começava a perceber que a tempestade estava dentro e não lá fora. Quis fugir, quis gritar. Quis destruir o relógio da parede daquele quarto vazio. Quis parar o tempo pra escolher em que lugar voltar. Quis recolher os sonhos todos daquele lugar onde nunca estiveram e guardá-los no lugar de onde jamais deveriam ter saído. Mas percebeu que a chuva começava a parar. Tirou os olhos da janela e foi ler um livro.
Eu gosto do seus narradores. São explícitamente implícitos. Isso é tão bacana num texto curto. Dá vontade de ler mais.
ResponderExcluirÉ proética, o nome disso.
Um super beijão