14 agosto, 2012

João Francisco contentou-se em ser sempre assim, calado, diante de tudo que ela silenciava. Forçasse alguma coisa e o rio transbordava, para fora, e não para dentro, como há muito ele esperava. Não havia do que se proteger, mas vivia a andar com um guarda chuvas por sobre a cabeça, sem saber que este lhe servia apenas para contar as estrelas. E contava, toda noite contava, delirando ainda com aquela proteção falsa e desnecessária. Alguma hora ela cairia para dentro de si, encontraria João Francisco guardado lá, sentado num cantinho, sem fazer muito alvoroço, esperando, quieto, a hora de lhe falar. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário