09 novembro, 2012

A casa ainda tinha o mesmo cheiro da primeira vez em que lhe pus os pés. A poeira assentava-se na varanda com a mesma rapidez com que eu saía de um cômodo que acabava de ficar escuro. Eu nunca soube explicar esse meu receio, essa ânsia de fugir com os olhos fechados pra não ver o que já nem se via. Eu não queria ver. Vejo a mim, agora. Sento-me onde o vento encontra meus cabelos e deliro de olhos fechados, como se o mundo viesse ao meu encontro numa nuvem grande e opaca. Feito poeira fina, difícil de lidar, meus sentimentos permanecem junto à casa, e o cheiro da casa ainda me lembra que eu não posso nunca esquecer das flores, como tenho esquecido de cheirá-las; que o cheiro habita os cômodos todos e que basta apenas respirar um pouco mais. 

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