Aqui, agora, existe algo que quer tomar conta
do lugar. Tédio. Mas eu não quero isto aqui. Não admito a presença do tédio.
Porque eu olho pela janela e vejo altas árvores com folhagens que são constantemente
acariciadas pelo vento, vento que existe só lá fora. E porque um avião quebra a
corrente de tédio que tenta se formar nessa sala de minutos em minutos. E
porque o prédio que vejo pela janela é bem velho, e eu me pergunto há quanto
tempo será que ele está ali, e se alguém já pensou alguma vez se ele serviu
para qualquer coisa que não tivesse parte com sua função mais óbvia, com a função mais óbvia e específica de todos os prédios do mundo. Se alguém já
pensou, por exemplo, que a sua altura não permite que se veja as árvores por inteiro,
que deve ser triste porque recebe todo sol e toda chuva que vem dos céus, que
espera ali, paciente, esperançoso de que nunca cortem as árvores que crescem
lentamente e avançam sobre sua parte superior, amenizando, assim, o toque da chuva
e do sol, que a demora dessas árvores em crescer às vezes o faz acordar com
uma vontade imensa de que lhe implodam. Porque dói estar sempre ali, à
disposição do dia que não para de nascer. Ele que saberá-se se dorme, se a ele
lhe dão alguma opção de paz milimétrica.
sobre dias de sol passados.
Dias de sol acabam que por instigar, também, coisas das profundidades. E são essas, assim, sensíveis, do modo como fala. De peculiaridades, coisas mínimas, mas grandiosas, coisa e tal, tal e coisa.
ResponderExcluirAh, adorei, estou amando, aliás, Ludovico Einaudi. É desse tipo de instrumental que eu falava, mesmo.
Obrigada <3
:*